16 de dez. de 2008

duas cartas e o tempo

minha mais que querida,

desculpa tanto sumiço e silêncio. os dias, desde a última vez em que te vi, foram intensos, plenos, quase violentos. pois viajei, viajei, viajei. deveria ter contado a quilometragem do meu ano. tanto ir e vir, essa vida cigana, a vontade de colocar o corpo numa casa, as frustrações amorosas, e agora estou aqui, a escrever-te.

sinto saudade.

parece que quando sentimos saudades de tantas coisas, vamos aprendendo a viver mais longe de tudo.

é isso.

***

pois agora estou no rio. vim pra cá nos finais de setembro, primeiro pra ficar de hóspede por 2 meses na casa de uma amiga e entender se gosto ou não daqui. o amor acabou - o amor que fora mal vivido por um ano - e eu então estava na cidade do amor que perdi. amor pequeno este. mas era amor, e doeu. procurava também o fio da história a ser contada, o meu filme que no fundo acredito um livro - tenho encontrado lentamente quem é a mulher que anda por aquelas ruas de lisboa. não foi nada fácil encontrá-la, mas eis que hoje, no almoço com um amigo, eu entendi um pouco mais sobre ela, essa ana. então - entre ficar e voltar - fiquei. agora moro com paula e maria. você conhece a paula. tenho já almofadas coloridas e um quarto a fazer de meu. não sei o que virá pra mim desta cidade, tenho medo de que venha o insuficiente, mas agora estou cá. ao menos é uma casa, provisória que seja.

***

não sei o que vou fazer e procurar e querer desta vida. agora estou só. uma cidade nova, pessoas novas que aos poucos aparecem na paisagem daqui, uma história por terminar (mais um mês de prazo) e a vida.

***

e você, por onde anda, como anda?

sabe o que eu queria muito de você? sua tese. por acaso você a tem em pdf? preciso lê-la, sei que preciso. 

dá-me afeto.


sinto imensa saudade. 

um beijo desta cigana que não a esquece,





Por favor, não se perca! 

Eu adoro você e, por isto, não te quero tão longe.

Sinto muitas saudades, nunca deixo que muito tempo se passe sem que um pensamento seja para você.

Mesmo que, mesmo que.

Agora a chuva chega e aqueles de longe ficam mais presentes.

Claro, te mando o pdf.

Carol querida, sinto sua falta por estas Minas, com estas missões a cumprir.

Estou feliz que você esteja aí com a Paula. Tenho seguido os passos dela.

Por aqui como sempre a solidão, o silêncio e a filha que cresce, cresce.

Se vier para o Natal liga.

Muitas saudades.

Feliz por ter notícias.



(para a giovanna, para os amigos de longe, os de perto, para os amores perdidos e os que virão. um ano irrecuperável, um tempo irrecuperável, e uma certeza qualquer. seja numa cidade, num tempo fixo, seja em pleno vôo. há de vir algo. há de vir.)


2 comentários:

Anônimo disse...

Agora entendo melhor o sentido de nossa conversa de ontem, na livraria Travessa.
Meu português é ruim demais para aprofondar meus sentidos a esse respeito.
Gosto de sua escrita virginiana
Jean Marie L.REMY, Jotaeme para ser mais rapido

maria lutterbach disse...

tinha me esquecido desse cantinho de relva..mergulhei na minha piscina.
beso