15 de set. de 2008

tempo de revelação

Eu espero uma fotografia se revelar.

O casal sentado no banco do jardim.

Eu sou a mulher e essa foi nossa primeira cristalização.

Debaixo das árvores solenes nossos passos nos levavam a lugar algum. Nossas mãos passeavam por entre nós e eu me lembro de segurar seus dedos no instante da foto. Era perto do orquidário. Nos sentamos num banco branco, era branco, eu acho. Nos abraçamos. Eu estava com a câmera na mão. A amiga pediu para tirar uma foto e o fez. Ficamos parados, como se nada acontecesse. Como se nossa mão não estivesse tão quente quanto estava, como se nosso corpo não se adequasse tão bem um ao outro. Como se aquela fotografia não fosse a primeira imagem de um amor, dito não menos solenemente que o silêncio das árvores.

Eu espero essa fotografia se revelar.

Nenhum comentário: