6 de nov. de 2007

onde quer que seja

Quase acabo de chegar de lá. Entro nesta minha casa e passando por rastros não meus observo o espaço com algum estranhamento. Passageira será esta também, quase clamo, neste incômodo me guio pelos corredores, no quarto largo todas as coisas. Não há mais, ou ainda, espaço para jogar o corpo no acolhimento.

Ridículo como o sentimento de conforto pode ser tão passageiro. Achava que estivesse deixado lá mesmo um aglomerado de sensações ruins. Mas elas vieram. Não, elas estão aqui. Pareco inventar um lugar para essas sensações, resolvo abandonar este lugar inventado e na nova construção não tarda elas aparecem, com obviedade.
Eu já aprendi que estarei comigo em qualquer lugar inventado e que é bom que eu pare de inventar lugares para abafar aquelas sensações, não tarda elas aparecem.

Fui lá e vi que elas não estão mais lá, eu vi que posso voltar muitas vezes, me sinto novamente confortável nela. Já estão aqui aquelas sensações que me fazem querer abandonar o lugar inventado. Este, agora.

Têm a história da menina que ensinava para as bonecas o que ela – a menina – sabia que deveria saber. Pois bem, eis aqui Paula-professora dizendo para Paula-boneca não mudar-se mais uma vez antes de resolver essas sensações que não tarda elas aparecem.
Sim, entendi.
Mas posso lembrar do cheiro bom que tem lá de uma tardia primavera, um vento com cheiro de dama-da-noite daquela rua, uma porção de risadas e abraços e casas confortantes mesmo que lá não haja mais quarto algum que seja meu. É, estou aqui com todos os meus pertences e esta maldita ou bendita palavrinha vêm me lembrar disso, estou aqui com todos os meus pertences e não são eles que me fazem sentir conforto, são essas sensações de não pertencer a coisa e a lugar algum que não tarda elas aparecem

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