18 de out. de 2007

da alteração do espaço

não sei se pude intervir na cidade, nem nas suas pessoas. tenho um desejo novo, um nome que me faz querer ficar aqui, agora um pouco mais. às vezes também um pouco menos. vai saber. lembro-me de quando estava no porto e me apaixonei por um português. toda a perspectiva da cidade se alterou. até a língua deles eu podia ouvir sem me sentir tão ausente a ela. eu gostava de ouvi-los, a todos. o sotaque de cada pessoa era a voz do homem que eu desejava. esses cascos de casa, de caixa, esses ferros, estacas, qualquer coisa que se prenda à terra firme, me faz entender que é disso que eu preciso, alguma coisa, mínima que seja, que me faça habitar o lugar. agora sim, habito, embora continue perdida entre ruas e ruas e mim. a saudade de casa é agora só uma palavra, porque já é impossível voltar. nunca se volta - a voz do meu poeta preferido - o lugar a que se volta é sempre outro. e eu nunca mais seria a menina que cresceu dentro daquelas paredes da casa da minha mãe, embora jamais possa deixar de sê-la.

às vezes não sinto saudade de nada.

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