21 de out. de 2007

7 de setembro de 2005

sim, me lembro daquela tempestade. nós duas na sala de cinema que alagou, o filme parou e pediram por favor que saíssemos antes que houvesse um curto-circuito no lugar. lembra da rua quando saímos? estava toda verde, com cheiro bom, você chorava muito naqueles dias, e então veio a maior tempestade que já vimos, com os carros inteiros cobertos por folhas, tudo verde, com cara de abandono, como se a natureza sozinha engolisse o mundo dos homens, e aquela sua dor. o cheiro da cidade, não me esqueço. tudo parecia abandonado, e nós. acho que depois daquela noite alguma coisa aconteceu. sei que ainda demorou a parar de doer, aquilo que você sentia. mas ali tivemos uma noção clara do tempo, e de como de repente as pedras de chuva destróem o teto do cinema e o filme pára no meio. lembro que havia uma mulher e uma fronteira. foi nesse instante que o filme parou. nunca mais o vi. era o que tinha que ser visto. sabemos.

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