30 de jan. de 2008

meus dedos por entre seus cabelos

Já me acostumei com a mesa de trabalho bagunçada, com papéis aparentemente espalhados e bilhetes dispersos. Me acostumei a arrumar a cama e levar copo de água para o criado antes de deitar. Acostumo a pequenas faltas de organização no meu quarto. Essas ocupações e disposições de coisas ao meu redor me fizeram agora pensar no amor e no desejo. No amor forte corrente que embaralha a vista e aperta o ventre no desejo perene latente que faz revirar o corpo solto na cama e colocar a mão entre as pernas apertadas. Na falta de lugar além da quina. O amor e o desejo que me vêm ora fundidos ora em contra mão e que são eles que me trazem algum preechimento entre essas paredes do apartamento. Só penetro bem algum espaço, e principalmente este meu, no impulso do sentimento e sem ele ao invés da leveza confortável clamada por alguns sou solapada por um desatino.
Penso isso pensando em você, que de uma viagem de descanso vive em surpresa um desconforto desamparado. Das mãos quentes correndo pelo corpo elas foram parar em suaves toques de acalento. Penso em você vagando por um apartamento que não seja seu e embora até o repouso seu corpo se levante e caminhe por aí alguns passos eles não estão vagos no ar e nem serão percursos perdidos. Os cômodos foram feitos para acomodar e seus passos que eu imagino estão sim indo ao encontro. Não me agrada este tom profético, mas tenho essa sensação.

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